sexta-feira, maio 05, 2006

Grandes Aberturas # 26

A Foz é para mim a Corguinha, o Castelo e o Monte com o rio da Vila a atravessá-lo, e a Rua da Cerca até ao Farol. O que está para lá não existe . . . Só me interessa a vila de pescadores e marítimos que cresceu naturalmente como um ser, adaptando-se pouco a pouco à vida do mar largo. E ainda essa Foz se reduz cada vez mais na minha alma a um cantinho - a meia dúzia de casas e de tipos que conheci em pequeno, e que retenho na memória com raízes cada vez mais fundas na saudade, e mais vivas à medida que me entranho na morte. O mundo que não existe é o meu verdadeiro mundo.

Raúl Brandão - Os Pescadores