segunda-feira, setembro 18, 2006

José Mário Silva

SÍSIFO, CINCO DA TARDE


Outra vez a cidade, outra vez dez toneladas
de lixo lá atrás, para descarregar junto
ao rio. O camião é um monstro lento a sair de
uma nuvem de pó. Sísifo está cansado, tem
os olhos a arder, os braços exaustos, as mãos
moldadas à forma do volante. Antes que o dia
acabe, há ainda muito entulho a transportar,
uma pilha a diminuir para que outra cresça.
Sísifo anda nesta vida desde que se lembra
e já conta os dias que faltam para a reforma.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Obrigado.
;)

quarta-feira, setembro 20, 2006 7:04:00 da tarde  
Blogger JMS said...

Não. Obrigado eu. O leitor é que tem que agradecer.

quinta-feira, setembro 21, 2006 12:59:00 da manhã  
Blogger João Luís Barreto Guimarães said...

É um bom livro, José Mário, e uma boa lembrança, José Miguel.

quinta-feira, setembro 21, 2006 9:40:00 da tarde  

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