sexta-feira, junho 09, 2006

Luís de Camões

Tanto de meu estado me acho incerto,
Que em vivo ardor tremendo estou de frio;
Sem causa, juntamente choro e rio;
O mundo todo abarco e nada aperto.
É tudo quanto sinto um desconcerto;
Da alma um fogo me sai, da vista um rio;
Agora espero, agora desconfio,
Agora desvario, agora acerto.
Estando em terra, chego ao Céu voando;
Numa hora acho mil anos, e é de jeito
Que em mil anos não posso achar uma hora.
Se me pergunta alguém porque assim ando,
Respondo que não sei; porém suspeito
Que só porque vos vi, minha Senhora.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Não conhecia. Belíssimo este Camões. E adoro o Lucien Freud, é bom redescobri-loo assim, sem esperar encontrá-lo nesta esquina.Continua M.

sexta-feira, junho 09, 2006 9:15:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Se não me engano, este soneto está disposto classicamente em 4x4x3x3.

segunda-feira, junho 12, 2006 12:35:00 da tarde  

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