quarta-feira, maio 31, 2006

António Franco Alexandre

16


dá-me a alegria, a sem razão nenhuma que se veja,
dou-te alegria, a sem caminhos na clareira,
a de nenhum sinal em terra nua.
dá-me a tristeza, a toda certa sem fronteiras.
dou-te tristeza, a cinza em cinza devastada,
a oiro no silêncio debruada.

por águas me verti, por rios, sementes.
de terra me vestas, a sombra do dia,
o sítio das flechas no corpo, na árvore.
no sossego das chuvas me reparto.
ficas no escuro, nos ramos nos frutos,
embrulho novelo a desajeito.

a porta quase aberta diz que me recebes,
quase fechada diz que me visitas.
assim te visite, assim te receba.
nenhuma palavra que o gesto não faça.
de águas me vista, em terra me vertas.
no corpo das flechas o sítio, nos rios.

8 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Não quero ser chato e inconveniente, mas «As Moradas», se bem sei, não é um dos três primeiros livros de António Franco Alexandre. É, na minha modesta opinião, um excelente livro. Mas quando apareceu, em 1987, já António Franco Alexandre tinha publicado uma boa meia dúzia de livros. Lembro-o, por causa disto: «Sophia, Ramos Rosa, Franco Alexandre, J. Agostinho Baptista… são preferências suas, Henrique, e não tem mal nenhum; só que esses nomes não coincidem com aqueles que eu valorizo; é só isso. Do F. Alexandre gosto muito dos três primeiros livros e de mais nada.» Ainda bem que este «mais nada» mereceu uma excelente excepção. :)

quarta-feira, maio 31, 2006 8:04:00 da tarde  
Blogger JMS said...

O que eu queria dizer era: os quatro primeiros livros de A. F. A - Sem palavras nem coisas, objectos principais, a pequena face e as moradas. (Sei que ele tinha publicado outras breves coisas para além destas quatro, mas como eu nunca as vi (a nao ser quando ele as incluiu no volume de "Poemas" da Assírio) para mim era como se não existissem...

quinta-feira, junho 01, 2006 1:06:00 da manhã  
Blogger manuel a. domingos said...

pois. também não fazia o jms apreciador da poesia de António Franco Alexandre.

quinta-feira, junho 01, 2006 11:55:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Olha lá, pá, o teu patrono vai ficar chateado contigo

segunda-feira, junho 05, 2006 10:31:00 da manhã  
Blogger JMS said...

Enganaste-te na porta, ó palerma. Procura nas Páginas Amarelas: Vacina contra a Raiva.

segunda-feira, junho 05, 2006 12:59:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Boa, jms! Estes gajos continuam a focinhar na ideia que quem escolhe um caminho fê-lo a segurar na tripa dum guru! Não se enxergam! São os primeiros graxas na próxima oportunidade!
Como dói a inveja neste país! Que peçam meças contigo nos livros que escrevem! Que falta de paciência!

terça-feira, junho 06, 2006 10:30:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Já agora, o Manuel antónio pina, dos poucos a denunciar o proselitismo miserável, é também um palerma? Essa da raiva! Diz-me lá o número da porta.

quarta-feira, junho 14, 2006 1:16:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Que giros que eles estão: perfilados, à espera dos inimigos, dos prosélitos,não certamente da Poesia!

quinta-feira, junho 15, 2006 5:50:00 da tarde  

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