quinta-feira, julho 13, 2006

Israel, assim, não vai lá.

Os dirigentes da democracia militar israelita continuam a patinhar num pântano de indefinições estratégicas, que ainda acabará por terminar naquilo que eles menos desejam: um estado palestiniano independente. Não é com hesitações e paninhos quentes que se conquistará o “lebensraum” da Grande Israel. De facto, está mais do que visto que esta política de cerco, de sufocação económica e de humilhação quotidiana que Israel leva a cabo nos Territórios Ocupados (ou Desocupados) não traz grandes resultados em termos de solucionar o problema palestiniano. Pelo contrário, só estimula a resistência e a revolta. Ora, no desenvolvimento de uma nação imperialista, chega inevitavelmente o dia em que é necessário optar por medidas extremas e cruéis. Medidas difíceis e dolorosas, é certo, mas quem tem a história, Deus e a imprensa mundial do seu lado, tem mais do que o suficiente para não temer dar o grande passo que falta, e encarar de frente a inevitabilidade de uma solução radical, uma solução final para esta questão. Em função de todos estes desígnios políticos, militares e divinos, não se percebe muito bem o que impede os dirigentes (e os dirigidos) israelitas de serem mais metódicos e eficazes na erradicação do problema; o que os impede, enfim, de deportar todos os palestinianos para fora da Grande Israel ou, no caso de isso ser demasiado dispendioso, de os gazear nos campos de concentração de Gaza e da Cisjordânia.

12 Comments:

Anonymous Anónimo said...

UMA questão é: podemos usar da ironia neste tipo de assuntos? Podemos. Devemos? Esta segunda pergunta põe-se? Não me parece que haja pretos e brancos neste jogo. Parece-me, sim, que há "Deus" a mais e homens a menos.

sexta-feira, julho 14, 2006 10:12:00 da tarde  
Blogger JMS said...

1. A ironia, por muito negra ou "mortífera" que seja, nunca matou ninguém, ao contrário da política de Israel.
2. Se há situação política onde há "pretos e brancos" é precisamente esta. Se não lhe parece assim, é porque não estará bem por dentro da história.
3. Não creio que o problema seja Deus, com ou sem aspas; e não existe nenhuma guerra religiosa em Israel. A natureza do conflito é intrinsecamente política. Quando muito, eu diria antes que há dinheiro a mais e homens a menos.

sábado, julho 15, 2006 2:41:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Não sou nem quero ser escravo de qualquer História! Não embarco em diabolizações simplistas. Não há ódios menores. E o dinheiro é um deus também.

segunda-feira, julho 17, 2006 11:31:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Israel está mais uma vez a mostrar ao mundo àrabe que não lhes adianta nada meterem-se com eles. Venha quem vier, ou venham todos ao mesmo tempo. Enquanto tal, o mundo assiste impávido. Ontem fiquei chocada quando vi o telejornal da RTP1 dar mais destaque ao ataque a Haifa e aos seus 60 feridos do que à destruição de Beirute e aos seus 200 mortos. O grosso das notícias refere-se sempre à preocupação sobre o sucesso da evacuação dos portugueses. E os outros, quem os vai tirar de lá? A guerra é algo demasiado grave para ser banal.

terça-feira, julho 18, 2006 12:02:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

pois é. o terrorismo também.

terça-feira, julho 18, 2006 10:35:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Respondendo à Fátima:
o terrorimo também é a desculpa que "alguma gente" precisava para "limpar" a casa sem ter que dar satisfações a ninguém.

quarta-feira, julho 19, 2006 11:19:00 da manhã  
Blogger paulo said...

Questão:
Deverão os Judeus possuir um estado?

quinta-feira, julho 20, 2006 3:53:00 da tarde  
Blogger JMS said...

Os judeus já possuem um estado; isso é um facto assente e incontornável, reconhecido por quase todos os países do mundo, incluíndo a maior parte dos países muçulmanos. Um estado conquistado, como todos, à custa de guerras, e cuja realidade foi legitimada pelo sangue dos judeus que morreram para que esse estado existisse. Se em 1945 os judeus não "mereciam" que a Inglaterra lhes tivesse oferecido de bandeja o que não era seu, 60 anos depois não há como negar que os judeus conquistaram o direito de chamar sua a uma terra pela qual se sacrificaram.
A questão, nesta altura, não é, pois, se os judeus têm ou não direito a um estado. A questão é eles tudo fazerem, desde há 50 anos, para não reconhecerem o mesmo direito aos palestinianos.

quinta-feira, julho 20, 2006 4:13:00 da tarde  
Blogger paulo said...

Israel aceitou o plano da ONU de 47 para a criação de dois estados. Os países árabes não, o que os levou a iniciar a guerra de 48, em que Israel ocupou Gaza e a Cisjordânia. O primeiro estado árabe a reconhecer Israel foi o Egipto em 73 ou 74. Depois Jordânia em 94. Os restantes estados/organizações árabes/muçulmanas ainda não reconhecem Israel. É, até (e não o destino dos palestinianos), o único ponto de convergência entre muitos deles. Por razões socio-políticas, é um estado de guerra que lhes serve. Israel talvez devesse ter feito mais para segurar o acordo de Oslo.

quinta-feira, julho 20, 2006 7:49:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Não estados de inocência!

quinta-feira, julho 20, 2006 11:48:00 da tarde  
Blogger JMS said...

E o que é que aconteceu para que, desde 48 até hoje, israel se tenha "esquecido" que o plano da ONU passava pela criação de dois estados na Palestina? Ou seja, por que é que os palestinianos não possuem um estado?
É muito simples: porque Israel percebeu, logo em 48 (e mais ainda em 67),que não precisava de abdicar de nada, visto ser o mais forte. Assim sendo, para quê fazer concessões? E o problema é esse, é que Israel não quer trocar uma fatia do bolo por paz. Não, quer ficar com tudo; quer guardar o bolo todo e quer que as pessoas a quem o roubou se conformem. E o facto é que, sendo Israel mais forte e a chamada comunidade internacional constituída por um bando de hipócritas, nada pode impedir Israel de fazer o que lhe apetece. Toda a política de Israel nos últimos 10 ou 15 anos se tem orientado por uma única estratégia: liquidar qualquer processo de paz, incendiar o cenário, estimular a violência e o radicalismo do Hamas ou da Jihad. Para quê? Para legitimar a ocupação e os massacres; para poder cinicamente alegar que com "terroristas" não se negoceia, e para que tudo fique, enfim, tal como está. Isto não é uma teoria nem uma opinião, são factos; e factos perfeitamente documentados. Basta ler, por exemplo: "Destruir a Palestina" de Tanya Reinhardt, que não é uma fundamentalista islâmica, mas uma judia israelita.
Quanto ao facto de os países muçulmanos não reconhecerem o estado de Israel, penso que a Turquia, a Indonésia, MArrocos, etc. (para além do Egipto e da Jordânia) o reconhecem, mas posso estar errado. Em todo o caso, se não o fazem é porque Israel nunca quis dar o mínimo passo para viabilizar aquilo a que está obrigado pelas resoluções da ONU: a existência de um estado palestiniano.
Para concluir, Israel tem tudo para obter a paz, bastaria fazer algumas concessões. Acontece que Israel é governado por militares e por criminosos de guerra; pessoas a quem a paz, naturalmente, não interessa, pois sabem que pelas armas nunca poderão ser vencidos. Enquanto houve tensão e conflitos, o Tsahel poderá preservar toda a sua influência sobre o estado e a sociedade israelita. É tão simples quanto isto.

sexta-feira, julho 21, 2006 1:15:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Penso que ao estado de Israel se adequam bem as palavras de John Kenneth Galbraith:
"People of privilege will always risk their complete destruction rather than surrender any material part of their advantage."

sexta-feira, julho 21, 2006 10:41:00 da manhã  

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